segunda-feira, 3 de junho de 2013

Índice de Gestão dos Recursos Naturais de 2013


Na semana passada, a organização norte-americana sem fins lucrativos Revenue Watch Institute divulgou o seu Índice de Gestão dos Recursos Naturais de 2013 – que mede a transparência e a prestação de contas nos sectores de petróleo, gás e mineração em 58 países.
Os resultados revelam que apenas 11 dos 58 países avaliados têm padrões satisfatórios de transparência e prestação de contas em petróleo, gás e mineração. Nos outros 47 países, os cidadãos carecem de informações fundamentais sobre como as  receitas provenientes dos recursos naturais são utilizadas.
O Índice de Gestão dos Recursos Naturais  mede quatro componentes principais (quadro institucional e jurídico, praticas de fornecimento de informações, garantias e controlo de qualidade e ambiente propício para boa governação), é um passo importante para dar aos cidadãos e à sociedade civil uma voz nas decisões que são feitas sobre os recursos naturais. A  má governação do petróleo, gás e mineração afecta cerca de 450 milhões de pessoas que vivem em países dependentes destes recursos.
E como é que Angola classifica-se no índice? Angola ocupa o número 40 num grupo de  58 países, classificados em ordem decrescente de acordo com o grau de satisfação.
No quadro institucional e jurídico: a pontuação de 33/ 58,  contagem 58/ 100.
Angola recebeu uma contagem "parcial" de 58.  Enquanto leis abrangentes cobrem a indústria petroleira, Angola não tem nenhuma legislação de liberdade de informação e não participa na Iniciativa de Transparência das Indústrias Extractivas.
A empresa petrolífera estatal, Sonangol, mantém o controlo central sobre o sector, apesar dos poderes regulamentares nominais do Ministério dos Petróleos. A Sonangol determina e recolhe os lucros de petróleo devido ao governo, enquanto o Ministério de Finanças recolhe impostos de rendas das empresas. As contas da Sonangol não são especificamente incluídas no balanço do sector público, e Angola não adoptou nenhuma regra que exige a divulgação de informações no sector extractivo. Avaliações de impacto ambiental são exigidos por lei mas não são publicadas.
Praticas de fornecimento de informações: pontuação 36/58, contagem 43/ 100
A provisão de informações no sector petrolífero é “fraca”, com pouca informação disponível sobre os termos do contrato e dados incompletos sobre os fluxos de receitas e produção.
A Sonangol publicou informações detalhadas sobre a licitação para a última volta  de licenciamento no período de 2007-2008. Um contrato de partilha de produção modelo serve como base para todas as licenças de petróleo, mas o governo não publica termos negociados específicos para exploração, produção ou contratos com empresas.
O Ministério de Finanças tem publicado dados antes de 2007 sobre volumes de produção, receitas provenientes dos impostos petrolíferos e bónus. Também publica valores mensais de exportações do recurso e dados de produção por bloco. O Ministério de Petróleo publica relatórios regulares de produção e de exportação por bloco, a participação do governo nos contratos de partilha de produção e as empresas que operam no país. Tem publicado informações até 2007, sobre as reservas, preços, investimentos em exploração e desenvolvimento, custos de produção, subsídios e impostos especiais. O banco central também publica informações sobre os preços e valor das exportações de recursos naturais.

Salvaguardas e controles de qualidade: pontuação 33 /58, contagem 52 /100
 
A contagem "parcial" de Angola de 52, reflecte vários passos positivos em direcção a uma maior transparência, incluindo os requisitos abrangentes de divulgação, conflictos de interesse e cheques significativos no processo de licenciamento, junto com supervisão inadequada do processo orçamental e do fundo de recursos naturais.
A Sonangol supervisiona o processo de licenciamento, que se destina a ser aberto e competitivo, mas a negociação directa é permitida, porém  não está claro se os procedimentos de recurso de licenciamento são seguidas na prática. Enquanto os auditores nacionais têm autoridade para auditar as receitas do petróleo, eles enfrentam limitações de capacidade consideráveis e há pouca fiscalização legislativa do sector petrolífero.
Ambiente Propício Para Uma Boa Governação: pontuação 48 / 58, contagem 15 / 100
 Esta contagem "deficiente" de 15 é o mais baixo de Angola entre todos os componentes do Índice de Gestão dos Recursos Naturais de Angola está perto do fim das classificações globais para corrupção e estado de direito.
Empresas Estatais: pontuação 13 /45, contagem 70 /100

A Sonangol é totalmente detida pelo governo. Além de supervisionar o sector petrolífero, a empresa contribui para a a subsidio do combustível e empreende outras actividades quase-fiscais. O relatório da Sonangol de 2010 incluiu pela primeira vez,  detalhes sobre as reservas, os volumes de produção, custos de produção, os valores de
exportação de recursos por bloco, as estimativas de investimentos em pesquisa e desenvolvimento, os nomes das empresas que operam no país, dados de produção por bloco, actividades parafiscais , a participação do governo nos contratos de partilha de produção, os impostos especiais, bónus, dividendos, taxas de licença e as taxas da área de exploração. As declarações financeiras da Sonangol são auditadas de forma independente e incluem as contas consolidadas, que cobrem todas as suas subsidiárias.

Fundos dos Recursos Naturais: pontuação 16 /23, contagem 25 /100
Em 2004, Angola estabeleceu um Fundo de Reserva administrado pelo banco central para conservar lucros inesperados em tempos de altos preços do petróleo. Não há informações sobre os activos, transacções ou investimentos do fundo. Em 2011, a Assembleia Nacional aprovou uma lei exigindo que certas receitas fiscais do petróleo sejam depositadas no fundo. Com aprovação presidencial essas receitas podem ser usadas para cobrir despesas orçamentais nacionais.
As Transferências Sub-nacionais: pontuação 24 /30, contagem 33 /100
O governo transfere uma percentagem de receitas fiscais de petróleo a regiões produtoras. As regras para estas transferências são publicadas para algumas províncias, mas os valores não são relatados pelo governo central.

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