terça-feira, 30 de abril de 2013

Será que ter mais dinheiro no banco significa maior risco de branqueamento de capitais?


O próximo mês entrará em vigor a lei que obriga as empresas petrolíferas a pagar bens e serviços via tranferência em bancos nacionais.  Começando  à 13 de Maio, as empresas petrolíferas estrangeiras que operam em Angola devem fazer os pagamentos de impostos referentes a suas operações via bancos nacionais. Após  01 de Julho, esses pagamentos de impostos devem ser feitos em Kwanzas.  E depois de 01 de Outubro, as empresas devem usar bancos nacionais para pagar fornecedores estrangeiros de bens e serviços. Isso de acordo com a lei sobre o Regime Cambial aplicável ao sector petrolífero (Lei Nº 2 / 12, de 13 De Janeiro).
Basicamente, com esta lei , os bancos nacionais irão administrar o fluxo de  dinheiro proveniente do petróleo, que agora passarão pelo Banco Central.  Espera-se que esta medida aumente a liquidez dos bancos e assim impulsionar a economia nacional.  Maior liquidez potencialmente significa mais investimentos públicos e privados em Angola e no exterior.  Alguns economistas estimam este aumento de liquidez em dez mil milhões de dólares por ano,[1] é um montante significativo.  Maior liquidez significa maior interacção com os mercados financeiros – que permite aumentar os fluxos de capitais entre agentes com diversos propósitos. É aqui onde os regulamentos são importantes. Para interagir com instituições financeiras no exterior, os bancos nacionais devem atender as normas dos governos estrangeiros – particularmente os regulamentos sobre branqueamento de capitais e de corrupção.
Em Angola, estes regulamentos são fracos.  Portanto, maior liquidez, implica também mais dinheiro em bancos nacionais, o que aumenta significativamente os riscos e oportunidades de transacções ilícitas. Por exemplo, o Banco Africano de Investimentos (BAI), é o maior banco em Angola em termos de activos, já esta prevendo um crescimento da receita de 10% por causa da lei.[2] O BAI tem sido motivo de preocupação do governo nos EUA e outros financiadores internacionais, por não divulgar para o escritório do banco HSBC, nos EUA, a lista dos accionistas do banco e por não fornecer seus procedimentos de combate ao branqueamento de capitais, de acordo com o  relatório do Senado dos EUA sobre corrupção estrangeira nos EUA, datado de 2010. Uma das preocupações do Senado centra-se no facto de como “pessoas politicamente expostas (PEPs) usaram instituições financeiras dos EUA para trazer grandes quantidades de fundos que são suspeitos nos EUA para interesses próprios.”[3]
Sonangol é a maior accionista do BAI, com 8,5 % de participação. O presidente  do conselho de administração do BAI é o Sr. José Carlos Paiva, que também é o gerente da Sonangol UK Ltd.[4]  O banco tem vice-presidentes um dos quais é Francisco  de Lemos José Maria,[5] que também é o presidente da Sonangol.
Angola tem uma lei do branqueamento de capitais, a Lei 34/11 [Lei do Combate ao Branqueamento de Capitais e Do Financiamento ao Terrorismo de 12 de Dezembro de 2011[6]].
Desde Junho de 2010 Angola tem vindo a trabalhar com o Grupo de Acção Financeira Internacional (GAFI) – um organismo inter-governamental cujo objectivo é desenvolver e promover políticas de combate ao branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo.  GAFI encontrou que uma série de deficiências que ainda existem no sistema angolano, incluído[7]:
 
1)     Criminalização adequada de branqueamento de capitais e o financiamento do terrorismo;
2)     Criação e implementação de uma estrutura jurídica adequada para o confisco de fundos relacionados com a lavagem de dinheiro e a identificação e congelamento de bens de terroristas, sem demora;
3)     Garantia que a Unidade de Informação Financeira (estabelecido Maio 2011) funcione eficazmente; e
4)     Garantia de que as leis e procedimentos adequados estão a  disposição para prestar assistência jurídica mútua.

Mas o problema em Angola não são as leis, mas sim o cumprimento  delas e sua aplicação, especialmente quando altos funcionários estão envolvidos. Quando os funcionários públicos são cúmplices em actividades ilícitas deverão ser julgados e condenados. A partir do momento em que  as instituições nacionais servirem os interesses dos cidadãos  angolanos e não serem controladas por interesses especiais, poderá ser possível os cidadãos angolanos colherem  frutos das receitas petrolíferas.
 

sexta-feira, 12 de abril de 2013

União Europeia aprova lei anti-corrupção para transparência na indústria do petróleo, gás e mineração

A nova lei representa uma grande vitória após  uma década e meia de campanha.
 
A União Europeia (UE) deu um passo decisivo a 9 de Abril do ano corrente com a aprovação de novas regras para combater a corrupção em sectores globais das indústrias extractivas, obrigando as empresas de petróleo, gás, mineração e de exploração de madeira a publicar detalhadamenteos pagamentos que fazem aos governos pela exploração dos  recursos naturais em todo o mundo. A legislação de transparência estava em negociação desde 2011.
As novas regras serão incorporadas nas Directivas de Transparência e de Contabilidade da UE, que será provavelmente aprovada  em Junho. As mesmas são semelhantes a rencente Lei Dodd-Frank dos EUA, na secção 1504, pois irão exigir que as empresas públicas e privadas da Europa, publiquem todos os pagamentos superiores a 100.000 euros, incluindo impostos, royalties e taxas de licença de exploração. Isso significa publicação, projecto por projecto, em todo os lugares a onde as companhias têm suas actividades.

Fundamentalmente, esta  directiva permitirá que os cidadãos possam acompanhar quanto é que as empresas pagam aos seus governos, permitindo-lhes deste modo monitorar como os valores pagos são gastos e se existe algum benefício para os cidadãos destas receitas que proveêm da exploração dos recusos naturais. A UE também rejeitou os pedidos feitos por empresas que exploram estes recursos de serem isentas da publicação detalhada, para determinados países onde a publicação é proíbida pela Lei local(como exemplo caso de Angola), que permite que pagamentos ilícitos sejam feitos de forma invisível .
As novas directivas irão ao    Parlamento para  aprovação final,  que está prevista  para Junho deste ano.

Tribunal Constitucional decide matéria sobre Fiscalização Sucessiva de Constitucionalidade (Acórdão n.º233/2013) interposto pela CASA-CE



Processo de Fiscalização Sucessiva da constitucionalidade dos Decretos Presidenciais n.ºs 48/11, de 9 de Março, 57/11, de 30 de Março e 24/12, de 30 de Janeiro, sobre o Fundo Petrolífero, interposto pelo Grupo Parlamentar da Coligação de Partidos Políticos CASA-CE (Convergência Ampla de Salvação de Angola -Coligação Eleitoral), ao Tribunal Constitucional. Para mais detalhes, consulte o respectivo acórdão.

Fonte: Tribunal Constitucional
Queira descarregar o Acordão Completo: http://www.tribunalconstitucional.ao/58405BFC-8CBA-41CD-9DE4-31A5D57DCBBC/FinalDownload/DownloadId-E90FFF3CF398532E2FFA9AECFC74470E/58405BFC-8CBA-41CD-9DE4-31A5D57DCBBC/uploads/%7Ba99c613b-f26a-4fd7-bfff-8be7e82c8dd0%7D.pdf   

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Angola leiloa este ano blocos petrolíferos


Angola vai realizar leilão de blocos de exploração de petróleo onshore (em terra), este ano, anunciou na quarta-feira, em Lu­anda, o ministro dos Petróleos, Botelho de Vasconcelos.

O governante, que falava à margem do encontro com o ministro uruguaio dos Negócios Estrangeiros, Luis Almagro Lemes, considerou oportuno o interesse daquele país sul-americano em investir na produção petrolífera em Angola. “As negociações continuam e logo que se chegue a um acordo, o desejo será implementado”, reforçou. Botelho de Vasconcelos disse que a disponibilidade do Uruguai em investir no petróleo angolano é necessária. “As intenções da compra do petróleo estão a ser analisadas entre os dois países e daremos apoio institucional para que possa vir a acontecer”, assegurou. O ministro uruguaio reiterou o interesse de o seu país importar petróleo angolano nos próximos tempos, após as negociações em curso e “muito próximas de alcançar os seus objectivos”. O Uruguai prevê fazer carregamentos anuais, numa média de quatro navios, contendo cada um deles entre 900 e um milhão de barris.

Além do interesse no sector dos petróleos, por parte de Uruguai, o ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou que o seu país também pretende emergir na cooperação industrial e ter uma nova perspectiva energética com Angola. Angola realizou a Última licitação de 11 blocos no pré-sal em 2011, na faixa marítima entre as bacias do rio Congo e Kwanza, numa operação disputada por numerosas multinacionais. Ao contrário de 2011, o foco deste segundo leilão de licenças de exploração do pré-sal, que abrange 15 blocos, é a produção onshore. Uma fonte da Sonangol revelou que dez dos 15 blocos estão localizados na Bacia do Soyo e cinco na Bacia do Kwanza, para os quais se pretende atrair pequenas e médias empresas. O onshore angolano é composto pelas partes terrestres das bacias do Congo, Kwanza, Benguela, Namibe e pelas bacias interiores de Kassanje, Okawango e Owango. Na fase actual, a Única bacia em produção é a do Baixo Congo, da parte terrestre do Congo, também denominada área do Soyo.

A Bacia do Congo encontra-se em fase de exploração, estando dividida em dois blocos petrolíferos: o Cabinda Norte, cujo operador é a Sonangol Pesquisa & Produção, e o Cabinda Sul, que tem a Rakoil como operador.  A zona do Soyo tem sido operada pela companhia francesa Total. Na Bacia do Kwanza, vão ser admitidos a concurso pÚblico para licenciamento dois novos blocos o 11 e o 12, e feitos estudos de exploração, estando prevista a realização, pela Sonangol, de trabalhos de sísmica 2D.
Em relação às Bacias de Benguela e do Namibe, ambas desenvolvem trabalhos de exploração, com a recolha de amostras e reconhecimento geológico.
Nas Bacias interiores de Kassanje, Okawango e Owango iniciaram-se em 2006 os estudos de reconhecimento geológico, estando agora em curso estudos aerogravimétricos em toda a extensão das bacias, cerca de 100 mil quilómetros quadrados, com o objectivo de analisar o potencial de produção. 
Fonte: Angola 24 horas